Olhar e movimentar

Jessica Rampazo
3 min readFeb 21, 2018

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Reinvento ideias que criei ou criaram para mim. Foi necessário parar, me enxergar e conversar com meu analista toda semana. Eu me acolhi e faço esse exercício diariamente. Primeiro, o olhar pra dentro, entender como me manifesto perante o outro, a vida. Depois, o abrir dos olhos e a consequente movimentação dos novos passos.
Minhas opções de escolhas eram restritas a certo ou errado. A ou B. Quando olho e me movimento, saio de uma zona aparentemente confortável, mas que apenas me impediam. O leque se abre. A liberdade vem. Hoje eu percebo.

Compartilho aqui uma das passagens mais marcantes no meu processo de análise: era nosso primeiro dia juntos, contei que em 2004 havia juntado dinheiro pra comprar um contrabaixo. Mas desisti, troquei por uma CNH. Na época, meu pai me convenceu que a troca e investimento fariam mais sentido. Hoje a minha carta está vencida, não dirijo e nem quero.
Luiz me pergunta: mas e o Baixo?
Respondi: nunca comprei.
E ele, pra finalizar a sessão (mas pra iniciar um processo que hoje muda e estimula minha vida), conclui: que pena.

Essas fotos ilustram um desses movimentos.
Amo fotografar. Sempre foi uma grande paixão. Deixei isso de lado já faz alguns anos. Um movimento que levou a outro e a outro, me fez sair pra fotografar numa tarde de sábado pelo meu bairro. Fui almoçar em um dos meus lugares favoritos da Santa Cecília. Na ocasião, estava sozinha com uma câmera analógica na bolsa, dessas bem antigas, que peguei emprestada com um amigo. O atendente, ao notar a minha movimentação com a máquina e achando que eu era fotógrafa, me entregou uma caixa de ferro repleta dessas mini fotos. Disse que alguém achou aquilo na rua e tinha deixado alí, caso alguém procurasse. Ele achou que eu poderia gostar. E amei. Passei horas entre uma feijoada e cafés, olhando as imagens, imaginando histórias, quem eram aquelas pessoas, como estariam hoje. Se desistiram ou seguiram com seus desejos. Foi uma tarde simples e incrível.

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